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Mostrando postagens de maio, 2010

Casamento

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“CASAMENTO” O casamento é constituído de um eterno conquistar... Começa bem cedinho... Antes mesmo do acordar... Sonhos lindos de carinho... Para o seu amor agradar!!! A metade da bala... Uma pétala de flor... Uma simples palavra... Eu te amo meu amor!!! Metade do ar que respiras... Pertence a teu bem... Não pode existir nesta vida... Alguém que você queira tão bem!!! A cumplicidade... O companheirismo... A amizade... O respeito mutuo!!! Não se casa sem ser acasalados... Duas metades com interesses irmanados... Dois sonhos com o mesmo ideal... Duas vidas com um caminho triunfal!!! Conquistas solidárias... Partilhas somatórias... Projetos uníssonos... Soma de todos os sonhos!!! Entrega constante... Para um eterno receber... Indivisível sentimento dominante... No universo colorido do prazer!!! Este é o casal, a dualidade coagulada... A singularidade plural... O mesmo trecho da estrada... Que leva ao amor universal!!! O verso e reverso da moeda... Em um constante dar e receber... O casal,

Quem se arrisca? NELSON RODRIGUES

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Flor de Obsessão Nelson Rodrigues - O adulto não existe. O homem é o menino perene. - Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico. - A perfeita solidão há de ter pelo menos a presença numerosa de um amigo real. - Amar é ser fiel a quem nos trai. - Toda autocrítica tem a imodéstia de um necrológio redigido pelo próprio defunto. - Só acredito na bondade que ri. Todo santo devia ser jucundo como um abade da Brahma. - O brasileiro é um feriado. - Os jardins de Burle Marx não têm flores. Têm gramados e não flores. Mas para que grama, se não somos cabras? - A burrice é a pior forma de loucura. - No Brasil quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte. O Otto Lara está certo. O mineiro só é solidário no câncer. - O carioca é o único sujeito capaz de berrar confidências secretíssimas de uma calçada para outra

VOCÊ ESTÁ MORRENDO?

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Quem morre? Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. Morre lentamente quem abandona um projeto an

Epifânica!!!

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Felicidade clandestina - Clarice Lispector Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade". Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadis

Carlos Drummond de Andrade sobre as MÃES

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Para Sempre Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.

A Menina de Lá - João Guimarães Rosa

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Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes. Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – "Ninguém entende muita coisa que ela fala..." – dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: - "Ele xurugou?" – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: - "Tatu não vê a lua..." – ela falasse. Ou referia estórias, absurdas, vagas, tudo muito curto: da abelha

Para descontrair - Luís Fernando Veríssimo

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Este foi o primeiro texto "publicado" pelo embrionário Projeto Releituras, no dia 23 de maio de 1996. O Apito Luis Fernando Verissimo Tudo o que o Mafra dizia, o Dubin duvidava. Eram inseparáveis, mas viviam brigando. Porque o Mafra contava histórias fantásticas e o Dubin sempre fazia aquela cara de conta outra. — Uma vez... — Lá vem história. — Eu nem comecei e você já está duvidando? — Duvidando, não. Não acredito mesmo. — Mas eu nem contei ainda! — Então conta. — Uma vez eu fui a um baile só de pernetas e... — Eu não disse? Eu não disse? O Mafra às vezes fazia questão de provar as suas histórias para o Dubin. — Dubin, eu sou ou não sou pai-de-santo honorário? O Dubin relutava, mas confirmava. — É. Mas em seguida arrematava: — Também, aquele terreiro está aceitando até turista argentino... Então veio o caso do apito. Um dia, numa roda, assim no mais , o Mafra revelou: — Tenho um apito de chamar mulher. — O quê? — Um apito de chamar mulher. Ninguém acreditou. O Dubin chegou