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Mostrando postagens de 2013

Adoro essa poesia...

Marabá por  Gonçalves Dias Eu vivo sozinha; ninguém me procura! Acaso feitura Não sou de Tupá? Se algum dentre os homens de mim não se esconde, — Tu és, me responde, — Tu és Marabá! — Meus olhos são garços, são cor das safiras, — Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; — Imitam as nuvens de um céu anilado, — As cores imitam das vagas do mar! Se algum dos guerreiros não foge a meus passos: "Teus olhos são garços, Responde anojado; "mas és Marabá: "Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes, "Uns olhos fulgentes, "Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!" — É alvo meu rosto da alvura dos lírios, — Da cor das areias batidas do mar; — As aves mais brancas, as conchas mais puras — Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. — Se ainda me escuta meus agros delírios: "És alva de lírios", Sorrindo responde; "mas és Marabá: "Quero antes um rosto de jambo corado, "Um rosto crestado "Do sol do de

Tom Jobim

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  Pra Dizer Adeus Adeus Vou pra não voltar E onde quer que eu vá  Sei que vou sozinho  Tão sozinho amor  Nem é bom pensar  Que eu não volto mais  Desse meu caminho Ah, pena eu não saber  Como te contar Que o amor foi tanto E no entanto eu queria dizer  Vem  Eu só sei dizer  Vem  Nem que seja só  Pra dizer adeus
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Centenário de Vinícius de Moraes

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Soneto da intimidade Nas tardes de fazenda há muito azul demais. Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora Mastigando um capim, o peito nu de fora No pijama irreal de há três anos atrás. Desço o rio no vau dos pequenos canais Para ir beber na fonte a água fria e sonora E se encontro no mato o rubro de uma amora Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais. Fico ali respirando o cheiro bom do estrume Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme E quando por acaso uma mijada ferve Seguida de um olhar não sem malícia e verve Nós todos, animais, sem comoção nenhuma Mijamos em comum numa festa de espuma.

Pra quem entende...

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Casamento Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como "este foi difícil" "prateou no ar dando rabanadas" e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva.

Maurice Sendak

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Os monstros de Maurice Sendak se parecem com os horrores da Segunda Guerra Mundial ou com a história do garoto Lindbergh, de Nova Jersey, sequestrado do berço e encontrado morto em 1932, fatos que marcaram a infância do escritor no Brooklyn, em Nova York. “Hoje em dia é o 11 de Setembro e praticamente qualquer história do jornal diário”, diz o autor e ilustrador sobre a inspiração para “Onde Vivem os Monstros, que ganha tradução no Brasil, pela Cosac Naify, 46 anos depois da primeira edição. “A não ficção sempre vai ser importante, mas não supera uma boa história fictícia. As pessoas querem e precisam de fantasia”, diz Sendak, em entrevista à Folha. Se, por um lado, o filho de imigrantes judeu poloneses une passado e presente para mostrar que o tema dos monstros não é privilégio seu, mas vem das ansiedades do inconsciente coletivo, por outro lado, se pergunta com inocência: “Mas não são todas mas crianças que têm medo deles?” O faz de conta de Sendak resiste, em todo o caso, ao

Reflexões...

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Fico me questionando sobre o poder de uma obra artística, seja ela um quadro, uma poesia, uma dança, uma música... Todas possuem o imenso poder de tocar a alma humana em suas entranhas... Nela estão, concomitantemente, a morte e a vida, o amor e o ódio, a felicidade e a mais profunda dor... Uma imensidão de sentimentos, misturados, compartilhados, vividos ou sonhados... Toda a beleza e o pior horror de uma alma... Descrevem-nos sem nunca ter nos visto. Mexem e remexem com nossas piores dores, desnudam nosso mais temíveis segredos... É a arte da vida ou a vida na arte? Não sei. Mas muita gente não se aproxima, não aproveita; Por que? Talvez por medo de ser devorado... By - Ana Paula Miqueletti Sanches

Tarsila do Amaral

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Anita Malfatti

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Di Cavalcanti

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Sábio, Rosa...

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Meu bebê é pura poesia!

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Canção sem seu nome Adriana Calcanhotto EU VI VOCÊ ATRAVESSAR A RUA MOLHANDO A SOMBRA NA ÁGUA EU VI VOCÊ PARAR A LAGOA PARADA VOCÊ ATRAVESSOU A RUA NA DIREÇÃO OPOSTA PISANDO NAS POÇAS, PISANDO NA LUA E A POESIA REFLETIDA ALI ME DEU AS COSTAS E PRA QUE PALAVRAS SE EU NÃO SEI USÁ-LAS? CADÊ PALAVRA QUE TRAGA VOCÊ DAQUELA CALÇADA? VOCÊ ATRAVESSOU A RUA NA DIREÇÃO CONTRÁRIA E A POESIA QUE MEU OLHO MOLHAVA ALI QUEM SABE NÃO ME CAIBA QUEM SABE SEJA SUA ALI, ATRAVESSANDO A CHUVA E TODA A LAGOA PARADA VOCÊ NA DIREÇÃO ERRADA E EU NA SUA

Adriana Calcanhoto: uma voz que toca a alma!

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Adriana da Cunha Calcanhotto, mais conhecida por Adriana Calcanhotto ou Adriana Partimpim, (Porto Alegre, 3 de outubro de 1965) é uma cantora e compositora brasileira. Recentemente ampliou a atuação num álbum para crianças, o Adriana Partimpim (2004), com o qual obteve grande sucesso em espetáculos e pelo qual foi nomeada para concorrer ao prêmio Grammy latino de melhor álbum infantil na casa de espetáculos nova-iorquina Madison Square Garden (2 de novembro de 2006). As composições abordam estilos variados: samba, bossa nova, funk, rock, pop, baladas. Dentre as características de repertório, observa-se a regravação de antigos sucessos da MPB e arranjos diferenciados. É filha de um baterista de uma banda de jazz, Carlos Calcanhoto, e de uma bailarina. Aos seis anos ganha do avô o primeiro instrumento: um violão. Aprendeu a tocar o instrumento e também, mais tarde, a cantar. Logo imergiu nas influências musicais (MPB) e literárias (Modernismo Brasileiro). Ficou fascinada pela Antr
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Deixei o blog muito tempo parado, mas agora vou retomá-lo para literatulizar com meu pupilos... E ai vai a primeira delícia... Livro do Desassossego - Fernando Pessoa “O coração, se pudesse pensar, pararia.” “...não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram.” “É uma vontade de não querer ter pensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo e da alma. É o sentimento súbito de se estar enclausurado na cela infinita. Para onde pensar em fugir, se só a cela é tudo?” “A solidão desola-me. A companhia oprime-me. A presença de outra pessoa desencaminha-me os pensamentos.” “Há momentos em que tudo cansa, até o que nos repousaria.” “Mais terrível do que qualquer muro, pus grades altíssimas a demarcar o jardim do meu ser, de modo que, vendo perfeitamente os outros, perfeitissimamente eu os excluo e mantenho outros.” “Dá-se em mim uma suspensão da vontade, da emoção, do pensamento, e esta suspensão dura magnos dias. (.